terça-feira, 16 de outubro de 2007

Hoje recebi um e-mail...

"DIÁRIO DE UM CÃO

1ª semana
Hoje completei uma semana de vida. Que alegria ter chegado a este mundo!

1 mês
A Minha mãe cuida muito bem de mim. É uma mãe exemplar!

2 meses
Hoje separaram-me da minha mãe. Ela estava muito irrequieta e, com seu olhar, disse-me adeus. Espero que a minha nova "família humana" cuide tão bem de mim como ela o fez.

4 meses
Cresci rápido, tudo me chama a atenção. Há várias crianças na casa e para mim são como "irmãozinhos ". Somos muito brincalhões, eles puxam-me o rabo e eu mordo-os na brincadeira.

5 meses
Hoje deram-me uma bronca. A minha dona ficou incomodada porque fiz xixi dentro de casa. Mas nunca me haviam ensinado onde deveria fazê-lo. Além do que, durmo no hall de entrada. Não deu para aguentar.

8 meses
Sou um cão feliz! Tenho o calor de um lar; sinto-me tão seguro, tão protegido... Acho que a minha família humana me ama e me dá muitas coisas. O pátio é todinho para mim e, às vezes, excedo-me, cavando na terra como meus antepassados, os lobos quando escondiam a comida. Nunca me educam... Deve ser correcto tudo o que faço.

12 meses
Hoje completo um ano. Sou um cão adulto. Os meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulho devem ter de mim.

13 meses
Hoje acorrentaram-me e fico quase sem poder movimentar-me até onde tem um raio de sol ou quando quero alguma sombra. Dizem que vão me observar e que sou um ingrato. Não compreendo nada do que está a acontecer.

15 meses
Já nada é igual... moro na varanda. Sinto-me muito só. A Minha família já não me quer! Às vezes esquecem-se que tenho fome e sede. Quando chove, não tenho tecto que me abrigue...

16 meses
Hoje tiraram-me da varanda. Estou certo de que a minha família me perdoou. Eu fiquei tão contente que pulava com gosto. O meu rabo parecia um ventilador. Além disso, vão levar-me a passear!! Dirigimo-nos para a estrada e, de repente, pararam o automóvel. Abriram a porta e eu desci feliz,pensando que passaríamos o nosso dia no campo. Não compreendo porque fecharam a porta e se foram. "Ouçam, esperem!" Ladrei......esqueceram-se de mim....... Corri atrás do carro com todas as minhas forças. A minha angústia crescia ao perceber que quase perdia o fôlego. Eles não paravam. Haviam-me esquecido!

17 meses
Procurei em vão achar o caminho de volta ao lar. Estou só e sinto-me perdido! No meu caminho existem pessoas de bom coração que me olham com tristeza e me dão algum alimento. Eu agradeço-lhes com o meu olhar, desde o fundo da minha alma. Eu gostaria que me adoptassem: seria leal como ninguém! Mas apenas dizem: "pobre cãozinho, deve ter-se perdido."

18 meses
Um dia destes, passei perto de uma escola e vi muitas crianças e jovens como os meus "irmãozinhos" aproximei-me e um grupo deles, rindo, atirou-me uma chuva de pedras "para ver quem tinha melhor pontaria". Uma dessas pedras, feriu-me o olho e desde então,não vejo com ele.

19 meses
Parece mentira. Quando estava mais bonito, tinham compaixão de mim. Já estou muito fraco; meu aspecto mudou. Perdi o meu olho e as pessoas mostram-me a vassoura quando pretendo deitar- me numa pequena sombra.

20 meses
Quase não posso mexer-me! Hoje, ao tentar atravessar a rua por onde passam os carros, um acertou-me! Eu estava no lugar seguro chamado "calçada ", mas nunca esquecerei o olhar de satisfação do condutor, que até se vangloriou por acertar-me. Oxalá me tivesse matado! Mas só me deslocou as patas traseiras! A dor é terrível! As Minhas patas traseiras não me obedecem e com dificuldade arrastei-me até a relva, na beira do caminho. Faz dez dias que estou embaixo do sol, da chuva, do frio, sem comer. Já não posso mexer-me! A dor é insuportável! Sinto-me muito mal, fiquei num lugar húmido e parece que até o meu pêlo está a cair... Algumas pessoas passam e nem me vêem; outras dizem: " não te chegues perto". Já estou quase inconsciente; mas alguma força estranha me faz abrir os olhos. A doçura de sua voz fez-me reagir. "Pobre cãozinho, olha como te deixaram", dizia... com ela estava um senhor de avental branco. Começou a tocar-me e disse: "Sinto muito senhora, mas este cão já não tem remédio. É melhor que pare de sofrer". A gentil senhora, com as lágrimas rolando pelo rosto, concordou. Como pude, mexi o rabo e olhei-a, agradecendo-lhe que me ajudasse a descansar. Somente senti a picada da injecção e dormi para sempre, pensando em porque tive que nascer se ninguém me queria..."

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Dramatização

A expressão dramática por vezes é levada demasiado a sério. Exigimos demais dos meninos, pois acreditamos que todos têm de saber um determinado número de falas, têm de as dizer no tempo certo e sem esquecer uma vírgula... e nós educadores a roer as unhas, por detrás do palco!!

E a brincadeira?! E a diversão?!

Aos poucos fui descobrindo outras formas de trabalhar a expressão dramática sem "massacrar" as crianças (e os adultos!), acreditem que foi algo que sempre me preocupou!

Ontem experimentei algo que ainda nunca tinha feito: uma dramatização "espontânea", isto é, os meninos descreviam os acontecimentos e eles próprios criavam os gestos e movimentos adequados ao que estava a ser dito.

Reuni o grupo para a leitura da história "Ainda Nada?", de Christian Voltz, Kalandraka. A história é muito simples e permite aos meninos participarem, pois há frases que vão sendo repetidas ao longo da história e que eles gostam sempre de terminar (eu começo a frase e eles treminam).

Tanto com este grupo, como com um outro grupo com que trabalhei anteriormente, os meninos gostaram tanto da história que me pediram para voltar a lê-la. Estiveram tão atentos como na primeira vez que a li!

Após a leitura da história, reunimo-nos em círculo e pedi aos meninos que me descrevessem a história. O grupo estava mesmo muito entusiasmado! O R. dizia-me que "O Sr. Luís fez um buraco enooooome na terra" (a história começa com a frase "De manhã, bem cedo, o senhor Luís cavou um buraco Enorme na terra"). Então todos cavámos um pouco, depois colocámos a semente e pisámos a terra, regámos, conversámos com a semente, fomos dormir (e ressonámos bem alto) e voltámos todos os dias para ver se a semente já tinha brotado, até conversámos com o pássaro apaixonado, que "não disse nem piou!"...

Assim, num momento bem divertido, recordámos a história através de uma dramatização que trouxe muitas gargalhadas à nossa sala! Foi uma actividade em que até eu me ri à gargalhada!!!


As novidades (ainda que atrasadas!!!)

A minha ausência deve-se ao facto de ter começado a trabalhar... pois, acabei por aceitar aquele bem longe de casa, já que não tive notícias do ATL... agora continuo à espera de notícias!

Estou a fazer a componente de apoio à família, um trabalho um pouco diferente do habitual e com um grupo bem exigente!!

A verdade é que estou a adorar, apesar do muuuuuuuuiiiiiiito trabalho, já que estou sozinha com 25 crianças!!!